Os contratos futuros de ouro mantêm-se próximo da marca de US$ 3,5 mil por onça troy na Comex, a seção de metais da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), atingida na terça-feira (22). Qual é a razão por trás desse aumento?
Elevação nos preços do ouro: conheça os motivos por trás do aumento e por que investir no metal
Isso está fortemente ligado à situação de incerteza global, principalmente devido à tarifação anunciada e depois cancelada pelo presidente Donald Trump. A intensificação das tensões com a China em termos econômicos também não ajudou. Diante de um dólar que já não representa a segurança do passado, os investidores correram para se resguardar.
“A dúvida sobre os próximos passos da política e economia dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, e o impacto disso em uma possível desaceleração econômica tanto nos EUA quanto globalmente, faz com que os investidores estejam apreensivos em relação ao país e ao dólar”, observa Paula Zogbi, responsável pela pesquisa na Nomad.
Vale ressaltar também as repetidas críticas à independência do Federal Reserve, o Fed, por parte do presidente dos EUA, Donald Trump, e o crescimento das tensões comerciais que têm minado a confiança global no dólar como reserva de valor.
Nesse contexto, os investidores internacionais acabam procurando um ativo que proporcione maior segurança financeira. E é aí que o ouro se destaca. Afinal, historicamente, o metal é considerado um refúgio seguro em tempos de instabilidade econômica e geopolítica. “A lógica por trás disso é clara: o ouro não é controlado por nenhum governo. Ele não pode ser emitido livremente como o dólar e, por isso, é visto como uma proteção contra a instabilidade”, destaca Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.
O especialista menciona que no início do ano, o preço do metal era em torno de US$ 2.670. “Em abril, alcançou os US$ 3,5 mil por onça troy. Ou seja, em apenas quatro meses, houve um aumento de cerca de 31%”, explica.
Indicação é de que o ouro permaneça valorizado
A expectativa é que o ouro continue se valorizando no curto e médio prazo. “Além da desconfiança no dólar, outros fatores estão em jogo, como a previsão de uma política monetária mais expansiva nos EUA (com possíveis cortes nas taxas de juros), o aumento da inflação global e a crescente demanda estrutural de países como China e Índia. Além disso, o cenário de incerteza internacional e a busca por reservas alternativas ao dólar sugerem que o ouro permanecerá em alta”, acredita Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Estúdio.
No entanto, segundo Cauê Maçanares, CEO da Investo, essa tendência de valorização vem ocorrendo há alguns anos. “É impulsionada também pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia, passando pelas tensões no Oriente Médio – como a guerra na Faixa de Gaza. Além disso, as tensões na Ásia, com a China reivindicando Taiwan como seu território, contribuem para a maior demanda por ativos historicamente seguros para os investidores”, explica.
Reserva de importância
Para os entrevistados, a longo prazo, o ouro mantém-se como uma reserva de valor significativa.
“Isso se deve ao histórico do metal em preservar o poder de compra em diversos ciclos econômicos. Em um mundo com crescente polarização política, conflitos geopolíticos e fragilidade fiscal em grandes economias, o ouro mantém sua função como um porto seguro financeiro, especialmente em momentos de crise ou desvalorização de moedas fiduciárias”, destaca Monteiro.
É importante salientar que, embora o ouro esteja em alta e fundamentado para valorização, ele não proporciona renda, como dividendos ou juros, por exemplo. Sua principal utilização é a preservação de riqueza e a diversificação de riscos.
“Portanto, o investimento deve fazer parte de uma estratégia mais abrangente, equilibrando exposição a ativos de renda variável, renda fixa e outros ativos de acordo com o perfil do investidor. Em épocas de incerteza, o ouro é um ótimo recurso, mas, como qualquer ativo, exige análise e gestão”, argumenta.
Com base nas informações do Valor Econômico
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Fonte: Bora investir
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