O secretário de Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comunicou neste início de semana que os pontos identificados de gripe das aves no Rio Grande do Sul não terão um impacto considerável no valor da carne de frango, apesar da paralisação das exportações para mais de uma dezena de países.
“Acredito mais em pequenas flutuações, pode ocorrer um excesso de oferta, por um período de 10 a 15 dias, e então será redirecionado para outro local, retomando para um país que flexibilizará seu protocolo. Assim, acredito mais na estabilidade”, afirmou em uma entrevista coletiva para atualizar os dados sobre o assunto.
Principal exportador de carne de frango global, o Brasil comercializou 5,2 milhões de toneladas do item, em diferentes apresentações, para 151 nações, obtendo receitas de US$ 9,9 bilhões, como apresentado nos registros de 2024 apurados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Mais de 35,3% de toda a carne de frango produzida no Brasil é destinada ao mercado internacional.
Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram 78% desses embarques. Os destinos principais dos produtos da indústria nacional de frangos são China, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Filipinas, União Europeia, México, Iraque e Coreia do Sul, responsáveis por mais de 60% dos volumes enviados.
“A experiência obtida, referente à doença de Newcastle no ano passado, os preços não diminuíram significativamente. Em segundo lugar, as restrições não serão tão extensas, porque é provável que, durante os 28 dias, e estamos confiantes de que conseguiremos conter dentro do raio do foco específico, haverá um retorno gradual à normalidade. Outro fator que proporcionará estabilidade de preços, que presumo, é que 70% da produção já é consumida internamente. Portanto, estamos falando de 30%, se fosse interrompido para todos”, explicou Fávaro.
Anteriormente, em outra entrevista, Fávaro mencionou que é necessário aguardar um ciclo de 28 dias sem novas ocorrências confirmadas para que o país emita uma autodeclaração à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e consiga reverter as proibições.
Não há um prazo para a resposta do organismo internacional à autodeclaração, quando efetuada, porém a previsão é que as nações removam as barreiras de forma gradual.
Até o momento, o país está investigando ainda sete casos. Pelo menos três deles já foram descartados, em atualizações adiantadas pelo próprio Ministério da Agricultura. Há suspeitas no Mato Grosso, em Sergipe e no Ceará que estão descartadas. Suspeitas no Tocantins, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul estão em análise laboratorial. Os dois únicos focos confirmados estão em uma granja comercial de Montenegro e em um zoológico de Sapucaia do Sul, ambos municípios gaúchos localizados na região metropolitana de Porto Alegre.
As informações estão disponíveis no painel de monitoramento de síndromes respiratórias e nervosas em pássaros, operado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, e foram atualizadas às 19h desta segunda-feira.
Exportações influenciadas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) atualizou o número de mercados que estão com exportações interrompidas para o frango brasileiro originário de qualquer parte do território nacional. Sete países comunicaram diretamente ao governo a suspensão: México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina. Outros dez tiveram a suspensão automática dos embarques devido a acordos sanitários bilaterais: China, União Europeia (27 países), África do Sul, Rússia, República Dominicana, Bolívia, Peru, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka.
Para outros mercados, a interrupção das exportações, também por força de acordos bilaterais, deve afetar somente o estado do Rio Grande do Sul ou o município de Montenegro. Dentre eles estão: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain, Japão, Singapura, Reino Unido, Cuba, Filipinas, Jordânia, Hong Kong, Argélia, Timor Leste, Índia, Lesoto, Paraguai, Suriname, Vanuatu e Vietnã.
Com relação aos Estados Unidos, o principal importador de ovos do Brasil, o comércio desse item continua em todo o território nacional, porém as vendas de material genético foram temporariamente suspensas.
“A maioria dos protocolos dos países considera o raio de restrição local. E não há nenhum SIF de produção comercial em um raio de 10 quilômetros, portanto o impacto é mínimo”, afirmou Marcel Moreira, secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério.
Sistema eficaz
Carlos Fávaro destacou que o Brasil possui um dos sistemas mais eficazes de defesa agropecuária do planeta, e mencionou que levou cerca de 19 anos para o vírus, presente globalmente desde 2006, surgir em criações comerciais no país. Desde maio de 2023, mais de 2 mil investigações de casos de gripe aviária foram realizadas frequentemente.
“Era inevitável que em algum momento acontecesse. O sistema também é robusto devido à transparência e à eficácia nos bloqueios. Isso será mais uma prova da solidez do sistema brasileiro. Não é um desejo, não é um sonho, não é uma vontade, é saber que o sistema funciona”, declarou.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Carlos Goulart, o país está preparado para responder adequadamente ao foco.
“O Brasil é o único país do mundo que disponibilizou um painel, atualizado em tempo real, com duas atualizações diárias. Assim que o laboratório faz o diagnóstico, ele é divulgado no site. Esse é o nível de transparência que tivemos que adotar por sermos líderes mundiais na produção e exportação de aves e ovos. Foi uma forma de responder a essa incredulidade que algumas autoridades sanitárias tinham sobre nossa capacidade de produzir sem influenza”, afirmou.
De acordo com ele, das 538 propriedades rurais da região de Montenegro, mais da metade (310) já recebeu visita, incluindo todas num raio de três quilômetros do foco, além da implantação de barreiras de controle de circulação. Cerca de 17 mil aves foram sacrificadas por conta da doença ou para controle da situação.
O número de ovos descartados foi de 70 mil. Um dos aviários já passou por esterilização e desinfecção e outro está em processo. O ministério também está rastreando os 30 milhões de ovos férteis que saíram dessa propriedade em direção a outras regiões, nos últimos 28 dias contados a partir da detecção. Eles também estão em processo de descarte.
Fonte: Agência Brasil
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