Sob pressão do custo dos alimentos e da energia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciará hoje quanto aumentará a taxa básica de juros, a Selic. Apesar da resistência da inflação, a perspectiva de abrandamento econômico global deve resultar nesse ser o último acréscimo antes de um intervalo no ciclo de restrição monetária.
Caso o acréscimo seja confirmado, marcará a sexta elevação consecutiva da Selic. Conforme a última edição do boletim Focus, levantamento semanal com analistas de mercado, a taxa principal deve crescer 0,5 ponto percentual nesta reunião, de 14,25% para 14,75% ao ano.
No comunicado da reunião anterior, em março, o Copom confirmou que subiria as taxas base de forma “menos intensa” na reunião de março, após três elevações seguidas de 1 ponto percentual. O comunicado não mencionou qual seria o desdobramento após a reunião de maio. Simplesmente declarou que a economia brasileira permanece aquecida e que existem incertezas internacionais decorrentes da política comercial norte-americana.
Ao término do dia de hoje, o Copom comunicará a resolução. Depois de atingir 10,5% ao ano de junho a agosto do ano anterior, a taxa começou a ser incrementada em setembro do ano anterior, com um incremento de 0,25 ponto, um de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.
Índice de Preços
No sumário da reunião mais recente, o Copom sugeriu “cuidado” sobre uma eventual desaceleração da economia e informou que a “desvinculação” das expectativas de inflação demandam juros elevados por mais tempo. Segundo o BC, existem indícios de moderação do crescimento econômico, mas o panorama de inflação a curto prazo permanece desfavorável.
Conforme o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras conduzida pelo BC, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, reconhecido como a inflação oficial do país) em 2025 está em 5,53%, em comparação com 5,65% há quatro semanas. Isso indica uma inflação acima do teto da meta perene fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% devido ao intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
Taxa Principal
A taxa básica de juros é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de parâmetro para as demais taxas da economia. Ela é a principal ferramenta do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – adquirindo e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor estabelecido na reunião.
Quando o Copom eleva a taxa básica de juros, tem o propósito de conter a demanda aquecida, e isso gera impactos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Assim, taxas mais elevadas também podem dificultar a expansão da economia. Contudo, além da Selic, os bancos levam em consideração outros fatores ao definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, ganho e despesas administrativas.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais acessível, com estímulo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e fomentando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia da reunião, são realizadas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, compostos pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e determinam a Selic.
Meta Perene
No novo sistema de meta perpetuada em vigor a partir deste mês, a meta de inflação a ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limiar inferior é 1,5% e o superior, 4,5%.
Nesse padrão, a meta passa ser calculada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em maio de 2025, a inflação desde junho de 2024 é confrontada com a meta e a margem de tolerância. Em junho, o procedimento é repetido, com avaliação a partir de julho de 2024. Dessa forma, o exame é deslocado ao longo do tempo, não ficando mais restrito ao índice fechado de dezembro de cada ano.
No último Relatório de Inflação, divulgado no final de março pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA encerre 2025 em 5,1%, mas a estimativa pode ser ajustada, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no final de junho.
Fonte:Agência Brasil
📲 Receba nosso conteúdo Grátis!
Entre no canal e receba nossos conteúdos assim que forem publicados. Sem spam. Só conteúdo que importa para te manter informado.